ATA DA VIGÉSIMA PRIMEIRA SESSÃO ORDINÁRIA DA QUARTA
SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 07-4-2004.
Aos sete dias do mês de abril de dois mil e quatro,
reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal
de Porto Alegre. Às quatorze horas e quinze minutos, foi realizada a segunda
chamada, sendo respondida pelos Vereadores Aldacir Oliboni, Elias Vidal, Gerson
Almeida, Guilherme Barbosa, Haroldo de Souza, Helena Bonumá, João Antonio Dib,
João Carlos Nedel, Margarete Moraes, Maria Celeste, Nereu D'Avila, Raul
Carrion, Reginaldo Pujol e Renato Guimarães. Ainda, durante a Sessão,
compareceram os Vereadores Beto Moesch, Carlos Alberto Garcia, Carlos Pestana,
Cassiá Carpes, Cláudio Sebenelo, Clênia Maranhão, Dr. Goulart, Elói Guimarães,
Ervino Besson, Isaac Ainhorn, João Bosco Vaz, Luiz Braz, Maristela Maffei,
Pedro Américo Leal, Sebastião Melo, Sofia Cavedon, Valdir Caetano e Wilton
Araújo. Constatada a existência de quórum, a Senhora Presidenta declarou abertos
os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias das Atas da
Décima Sessão Ordinária e da Terceira e Quarta Sessões Solenes, que deixaram de
ser votadas, face à inexistência de quórum deliberativo. À MESA, foram
encaminhados: pelo Vereador Aldacir Oliboni, juntamente com o Vereador João
Carlos Nedel, o Projeto de Lei do Legislativo nº 077/04 (Processo nº 1908/04);
pelo Vereador Carlos Alberto Garcia, os Pedidos de Providências nos 683, 684,
685, 686, 687 e 703/04 (Processos nos 1833, 1834, 1836, 1837, 1838 e 1872/04,
respectivamente); pelo Vereador Cassiá Carpes, o Pedido de Providências nº
719/04 (Processo nº 1927/04); pela Vereadora Clênia Maranhão, o Pedido de
Informações nº 047/04 (Processo nº 1862/04) e o Projeto de Lei do Legislativo nº
058/04 (Processo nº 1371/04); pelo Vereador Haroldo de Souza, os Pedidos de
Providências nos 640, 641, 642, 643, 644, 645, 646, 647, 648, 649, 650, 651,
652, 653, 654, 655, 656, 657, 658, 659, 660, 661, 662, 663, 664, 665, 666, 667,
668, 669, 670, 671, 672, 673, 674, 675, 676, 677, 678, 679, 680, 681, 682, 690,
691, 692, 693, 694, 695, 696, 697, 698, 699 e 720/04 (Processos nos 1778, 1780,
1782, 1783, 1784, 1785, 1786, 1788, 1789, 1790, 1791, 1792, 1793, 1794, 1795,
1796, 1797, 1798, 1799, 1800, 1801, 1802, 1803, 1805, 1806, 1807, 1808, 1809,
1810, 1811, 1812, 1813, 1814, 1815, 1818, 1820, 1821, 1822, 1823, 1824, 1825,
1826, 1827, 1850, 1851, 1852, 1853, 1854, 1855, 1856, 1857, 1859, 1861 e
1928/04, respectivamente); pelo Vereador João Antonio Dib, o Pedido de
Providências nº 704/04 (Processo nº 1877/04) e o Pedido de Informações nº
052/04 (Processo nº 1905/04); pelo Vereador Luiz Braz, o Pedido de Informações
nº 049/04 (Processo nº 1870/04); pela Vereadora Margarete Moraes, o
Substitutivo nº 01 ao Projeto de Lei do Legislativo nº 006/04 (Processo nº
076/04), o Substitutivo nº 01 ao Projeto de Lei do Legislativo nº 007/04
(Processo nº 077/04) e o Substitutivo nº 01 ao Projeto de Lei do Legislativo nº
008/04 (Processo nº 078/04). Na ocasião, foram apregoados os seguintes
Requerimentos, deferidos pela Senhora Presidenta, solicitando desarquivamento
de Processos: de autoria da Vereadora Helena Bonumá, com referência aos
Projetos de Lei do Legislativo nos 289/01, 078, 079 e 080/02 (Processos nos
4402/01, 1425, 1426 e 1427/02, respectivamente) e ao Projeto de Emenda à Lei
Orgânica nº 006/00 (Processo nº 1962/00); de autoria do Vereador Sebastião
Melo, com referência ao Projeto de Lei do Legislativo 476/03 (Processo nº
6751/03). Ainda, foram apregoados os Memorandos nos 061, 068 e 069/04, firmados
pela Vereadora Margarete Moraes, Presidenta da Câmara Municipal de Porto
Alegre, através dos quais Sua Excelência informa as Representações Externas
deste Legislativo, respectivamente: do Vereador Ervino Besson, às quatorze
horas de hoje, na solenidade de comemoração do primeiro ano do Programa
“Primeira Infância Melhor” e de entrega das premiações do Programa “Viva a
Criança”, no Auditório da Caixa Econômica Federal, na Rua dos Andradas; do
Vereador Gerson Almeida, a partir das nove horas de hoje, nas atividades comemorativas
ao Dia Mundial da Saúde, na Usina do Gasômetro; do Vereador Elói Guimarães, às
vinte e uma horas de hoje, no coquetel de encerramento da XVII Edição do Fórum
da Liberdade, no British Club, na Rua Furriel Luiz Antônio de Vargas. Do
EXPEDIENTE, constaram: Ofícios nos 019/04, da Senhora Leila Aparecida Cunha
Thomassim, Presidenta do Conselho Regional de Serviço Social – CRESS – 10ª
Região; 07810, 13306 e 24403/04, do Senhor Reginaldo Muniz Barreto, Diretor-Executivo
do Fundo Nacional de Saúde do Ministério da Saúde. Após, a Senhora Presidenta
concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, à Senhora Télia Negrão, Presidenta da
Organização Não-Governamental “Coletivo Feminino Plural”, que discorreu sobre
os objetivos da entidade presidida por Sua Senhoria, direcionada à busca de
novos paradigmas sociais e à construção da cidadania. Nesse sentido, apresentou
o Projeto “Meninas e Meninos Desaparecidos – o Direito de ser Procurado”, que
colabora na coleta de informações e na investigação de casos de menores desaparecidos
no Rio Grande do Sul. A seguir, nos
termos do artigo 206 do Regimento, os Vereadores Cláudio Sebenelo, Aldacir
Oliboni, Cassiá Carpes, Haroldo de Souza, Nereu D'Avila, João Antonio Dib,
Clênia Maranhão e Raul Carrion manifestaram-se acerca do assunto tratado
durante a Tribuna Popular. Na oportunidade, a Senhora Presidenta registrou as
presenças da Senhora Liane Pedroso, representando o Centro Ecumênico de
Evangelização, Capacitação e Assessoria – CECA, do Município de São Leopoldo –
RS; a Senhora Susana Braun e o Senhor Jairton Pescador, representando o
Departamento Estadual da Criança e do Adolescente – DECA; a Senhora Neuza
Heinzelmann, Secretária-Geral do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher de
Porto Alegre; a Senhora Mirian Barbosa, representando o Núcleo de Estudos sobre
a Mulher, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS. Às quatorze
horas e cinqüenta e cinco minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos,
sendo retomados às quatorze horas e cinqüenta e seis minutos, constatada a
existência de quórum. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão,
o Projeto de Resolução n° 035/02, discutido pelos Vereadores João Antonio Dib,
Helena Bonumá, Elói Guimarães e Cláudio Sebenelo, os Projetos de Lei do Legislativo
nos 069/04 e 335/03, este discutido pelos Vereadores João Antonio Dib, Renato
Guimarães, Helena Bonumá e Elói Guimarães; em 2ª Sessão, os Projetos de Lei do
Legislativo nos 053 e 054/04. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Nereu D'Avila
noticiou que a Bancada do Partido Democrático Trabalhista desta Casa deliberou
votar contrariamente à alíquota fixada pelo Projeto de Lei Complementar do
Executivo n° 010/03, que dispõe sobre o Regime de Previdência Municipal. Ainda,
externou a opinião de que essa matéria seja apreciada por esta Casa somente
após a votação, pelo Congresso Nacional, da Proposta de Emenda à Constituição
nº 227/04. O Vereador Cláudio Sebenelo registrou que votará pela rejeição do
Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 010/03. Também, questionou a
política de segurança pública do Município e contestou a definição, pelo
Governo Municipal, de que o ano de dois mil e quatro seja o “Ano da Saúde”,
asseverando que, apesar da boa vontade dos profissionais, não há uma política
municipal adequada ao funcionamento da área da saúde em Porto Alegre. O
Vereador Elói Guimarães analisou diferenças observadas entre os cálculos
atuariais apresentados pelo Executivo Municipal e pela Associação dos Agentes
Fiscais da Receita Municipal de Porto Alegre – AIAMU, referentes ao Projeto de
Lei Complementar do Executivo nº 010/03, defendendo a busca de uma solução
negociada com os servidores municipais, para que essa categoria profissional
não sofra aumento nos descontos que faz para a Previdência. Na oportunidade,
por solicitação da Vereadora Maristela Maffei, foi realizado um minuto de
silêncio em homenagem póstuma à Senhora Rosali Chaves Aguiar, irmã da Senhora
Rosiméri da Silva Chaves, Diretora Legislativa desta Casa, tendo o Vereador
Cláudio Sebenelo manifestado-se a respeito. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador
Haroldo de Souza anunciou seu voto contrário à alíquota previdenciária
constante no Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 010/03. Também,
mencionou abaixo-assinado elaborado no ano de dois mil e dois por moradores do
Acesso A do Bairro Restinga, em face dos alagamentos recorrentes observados
naquela área, questionando recomendação do Governo Municipal, de envio do assunto
para avaliação pelo Programa de Orçamento Participativo. Após, o Vereador
Ervino Besson informou ter sido cancelada a solenidade marcada para hoje, às quatorze
horas, no Auditório da Caixa Econômica Federal, em comemoração ao primeiro ano
do Programa “Primeira Infância Melhor” e de entrega das premiações do Programa
“Viva a Criança”, onde Sua Excelência iria representar externamente este
Legislativo. Em prosseguimento, face Questão de Ordem do Vereador João Antonio
Dib, a Senhora Presidenta prestou informações acerca da tramitação do Requerimento
encaminhado pelo Partido Progressista, solicitando a contratação, pela Casa, de
empresa para efetuar cálculo atuarial referente ao Projeto de Lei Complementar
do Executivo nº 010/03. Às quinze horas e cinqüenta e um minutos, os trabalhos
foram regimentalmente suspensos, para reunião da Mesa Diretora com o Colégio de
Líderes, sendo retomados às dezessete horas e vinte e quatro minutos,
constatada a existência de quórum. Na ocasião, a Senhora Presidenta informou
que, por acordo do Colégio de Líderes, a discussão do Projeto de Lei
Complementar do Executivo nº 010/03 será iniciada no dia quatorze de abril do
corrente. A seguir, face Questão de Ordem do Vereador Sebastião Melo, a Senhora
Presidenta prestou informações acerca de Requerimentos protocolados pelo Vereador
Sebastião Melo e pela Bancada do Partido Progressista, de contratação, por esta
Casa, de pessoal técnico para efetuar cálculo atuarial referente ao Projeto de
Lei Complementar do Executivo 010/03, tendo o Vereador João Antonio Dib
manifestou-se a respeito e procedido à entrega, à Senhora Presidenta, de
Requerimento de autoria da Bancada do Partido Progressista, solicitando seja
formulado convite ao Senador Paulo Paim, para, em conferência pública, elucidar
questões que envolvem a formulação de alíquotas de contribuição previdenciária
a partir do Projeto de Emenda Constitucional nº 227/04. Em COMUNICAÇÃO DE
LÍDER, o Vereador Beto Moesch informou que a Bancada do Partido Progressista
não votará o Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 010/03 sem a análise
aprofundada do cálculo atuarial atinente a esse Projeto. Ainda, referiu-se à
Comissão Especial instaurada neste Legislativo no ano de dois mil e um, a
partir de Requerimento de sua autoria, para avaliação das compensações
ambientais relativas à construção da III Perimetral e para fiscalização da
execução dessa obra. O Vereador Carlos Alberto Garcia teceu considerações
quanto aos preços dos combustíveis adotados nos postos de revenda da Cidade,
afirmando que esses valores apresentam índices de lucro acima da média das
cidades do Estado do Rio Grande do Sul. Sobre o assunto, divulgou campanha para
que a população porto-alegrense, durante o feriado da Semana Santa, abasteça
seus carros nos Municípios vizinhos, como forma de pressionar a queda dos
preços desses produtos. O Vereador Raul Carrion saudou acordo do Colégio de
Líderes desta Casa, quanto ao início da discussão do Projeto de Lei
Complementar do Executivo nº 010/03 e citou o transcurso, hoje, do Dia Mundial
da Saúde e do Dia do Jornalista. Também, solicitou apoio ao Requerimento nº
068/04 e registrou ter protocolado Moção de Solidariedade ao Governo Brasileiro
pela atitude tomada frente às pressões dos Estados Unidos da América, no
atinente a inspeções de usinas atômicas no Brasil. O Vereador Reginaldo Pujol
declarou que enquanto não for aprovada a Proposta de Emenda à Constituição nº
227/04, em tramitação no Congresso Nacional, os Estados e Municípios não têm
condições para estabelecer alíquotas previdenciárias diversas da constante do
Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 010/03. Nesse sentido, analisou
propostas a respeito dessa matéria, apresentadas pelos Senhores Vereadores,
como a concessão de compensações financeiras aos municipários. A seguir,
constatada a existência de quórum, foi iniciada a ORDEM DO DIA. Na oportunidade,
os trabalhos estiveram suspensos das dezessete horas e cinqüenta e quatro minutos
às dezessete horas e cinqüenta e seis minutos, nos termos regimentais. Às dezoito
horas, tendo em vista falta de acordo entre as Bancadas da Casa quanto à ordem
de apreciação da matéria constante na Ordem do Dia, a Senhora Presidenta declarou
encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão
Ordinária da próxima segunda-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos
pela Vereadora Margarete Moraes e pelo Vereador Luiz Braz e secretariados pelo
Vereador João Carlos Nedel. Do que eu, João Carlos Nedel, 1º Secretário, determinei
fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será
assinada por mim e pela Senhora Presidenta.
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Informamos que o Ver.
Ervino Besson está representando a Câmara de Vereadores de Porto Alegre na
Solenidade de Comemoração do 1º ano do Programa Primeira Infância Melhor e na
entrega das premiações do Programa Viva a Criança, hoje, dia 07 de abril, às 14
horas, no Auditório da Caixa Econômica Federal, Rua dos Andradas, nº 1000, 12º
andar.
Informamos que o Ver. Gerson Almeida está
representando a Câmara de Vereadores de Porto Alegre nas atividades
comemorativas ao Dia Mundial da Saúde, hoje, dia 07 de abril, a partir das 9
horas, na Usina do Gasômetro.
Informamos que o Ver. Elói Guimarães
estará representando a Câmara de Vereadores de Porto Alegre no coquetel de
encerramento da XVII Edição do Fórum da Liberdade, hoje, dia 07 de abril, a
partir das 21 horas, no British Club, Rua Furriel Antônio Vargas, nº 400.
Passamos à
A Srª Télia Negrão, representando a
entidade Coletivo Feminino Plural, está com a palavra para tratar de assunto
relativo ao Projeto Meninas e Meninos
Desaparecidos - o direito de ser procurado, pelo tempo regimental de 10
minutos.
A
SRA. TÉLIA NEGRÃO: Srª Presidente desta Casa, Verª Margarete
Moraes; Srs. Vereadores e Sras Vereadoras - que nos honram pela sua
existência, fazem-nos, como mulheres, nos sentir mais fortes -; companheiras e
companheiros do Movimento de Mulheres, do Movimento de Crianças e Adolescentes,
representantes do DECA, que estão aqui conosco, do Conselho Municipal de
Direitos da Mulher, servidores municipais e autoridades presentes, eu quero
agradecer inicialmente esta oportunidade. É a sexta vez que eu venho à tribuna
da Câmara dos Vereadores trazer notícias do movimento social. E desta vez quero
prestar um agradecimento especial ao Ver. Aldacir Oliboni, que esteve presente
no lançamento do Projeto que hoje vamos apresentar e que nos fez o convite para
que estivéssemos aqui na data de hoje.
O Coletivo Feminino Plural é uma
organização não-governamental voltada para a defesa dos direitos humanos e da
cidadania das mulheres e das meninas. O objetivo do Feminino Plural é a
conquista de relações eqüitativas de gênero por meio de ações que fomentem a
busca efetiva pela cidadania, pelos direitos humanos e a construção de novos
paradigmas capazes de romper com situações de discriminação e violência.
Em abril do ano passado, senhoras e
senhores, quando se tornou manchete nos jornais de nosso Estado o
desaparecimento de meninas e meninos no Rio Grande do Sul, o Feminino Plural,
que vem atuando desde 1996 na luta contra a violência, decidiu se debruçar
sobre esse tema tão banalizado. Descobriu que anualmente desapareciam no Rio
Grande do Sul milhares de crianças e adolescentes, que algumas centenas de
casos eram registrados nos órgãos policiais e, destes, apenas uma parte se
tornava merecedora de investigações, embora ao final do ano tivéssemos chegado
com índices elevadíssimos de mortes, de crianças e adolescentes desaparecidos e
de muitas violações.
Essa constatação nos levou a desenvolver
o Projeto Meninas e Meninos Desaparecidos
- o direito de ser encontrado, que recebeu da Amencar Sul e da Comunidade
Européia o apoio financeiro necessário para se tornar realidade. Assim, em
parceria com os principais órgãos responsáveis neste Estado por essa questão –
o DECA, o Conselho Estadual da Criança e do Adolescente e mais o Movimento pelo
Fim da Violência e Exploração de Crianças e Adolescentes -, buscamos
informações para entender esse fenômeno do desaparecimento de crianças e
adolescentes, meninos e meninas - porque eles têm sexo, têm gênero -, propondo
estratégias para o enfrentamento desse problema.
Nós sabemos que desde 2002 vigora no Rio
Grande do Sul a Lei 11.810, que criou o sistema de busca imediata. Essa Lei
“determina à autoridade policial e aos órgãos de Segurança Pública a busca
imediata de pessoa desaparecida menor de dezesseis anos”, imediatamente após
ser dado seu desaparecimento. A partir desse instrumento legal, diversos órgãos
estaduais firmaram um termo de compromisso pelo qual nenhuma autoridade teria o
direito de esperar 24 horas para iniciar a busca de uma criança ou adolescente
desaparecido. Um site com fotos
dessas crianças e adolescentes foi montado, colocado no ar, e diversas ações
foram articuladas para que esse sistema pudesse funcionar. Esse sistema teria
um papel fundamental na vigência da Lei, e a sociedade seria a vigilante e
beneficiária.
Infelizmente, a banalização da violência
em nossa sociedade levou a quase desarticulação, muito rapidamente, do sistema
de busca imediata. Em janeiro deste ano, quando iniciamos as ações do Projeto Meninas e Meninos Desaparecidos - o
direito de ser encontrado, encontramos uma situação desalentadora: o
sistema de busca estava praticamente desativado; o site estava desatualizado; o cartório da Delegacia da Criança e
Adolescente Vítima praticamente esvaziado e fechado, só funcionando pelo
esforço de algumas pessoas, alguns policiais. Nós tivemos, em parceria com os
colegas do DECA, companheiros, policiais, pessoas que atuam voluntariamente, de
reabrir o cartório, buscar a atualização desse site, buscar caso por caso e chegar à conclusão de que o Rio Grande
do Sul não conhecia a realidade da situação de crianças e adolescentes
desaparecidos. Nem dos desaparecidos, nem dos localizados! Porque o site estava completamente desatualizado.
E todos os cartazes que veiculavam no Rio Grande do Sul - fotografias de
crianças e adolescentes desaparecidos - eram uma ficção, eles não correspondiam
mais à realidade.
Em dois, três meses de trabalho, de muito
esforço, esse quadro começou a ser revertido. Mas ele traz imensos desafios
para nós. Por quê? Porque, ao buscarmos nossos parceiros e apoiadores para esse
Projeto, nós nos temos perguntado de quem é a responsabilidade sobre essa
situação. É do Estado, dos Poderes Públicos? É do Estado, da União? Do Estado e
Município? É da sociedade, que também deve zelar pelo ECA, pelas suas crianças?
É das famílias, dos responsáveis que vivem uma situação, hoje, de
desempoderamento econômico, social, sem políticas sociais, com políticas
públicas ineficazes?
Nós
estamos num processo de desestruturação social e afetiva da nossa sociedade. E
constatamos que havia um hábito e tentávamos reverter com esse Projeto, que é
uma verdadeira cultura de se procurar uma pessoa somente 24 horas depois que
ela some. Vinte e quatro horas é tempo suficiente para se levar uma menina ou
menino daqui até o Japão! Dá-se a volta ao mundo em 24 horas! E essas crianças
e adolescentes, logo após saírem de casa, entram em contato com a pior realidade
possível, que, infelizmente, é a realidade das ruas, da violência, da violência
sexual, do tráfico de drogas, do tráfico de pessoas, da exploração do trabalho
infantil! E para meninas e meninos a situação é diferenciada, porque, embora
nós não conheçamos a realidade global das crianças e adolescentes que somem no
Rio Grande do Sul, nós sabemos que as meninas são a maioria dos que
desaparecem. E elas somem porque são abusadas sexualmente em casa, muitas vezes
fogem da própria família. Acabam caindo em redes, primeiro estupradas,
violadas, para, depois, caírem em rede de exploração, rede de turismo sexual,
tráfico de drogas, trabalho escravo. E os meninos que saem de casa por situação
também de negligência, abandono, abuso, busca de trabalho, caem nessas mesmas
redes e também são abusados sexualmente.
Estamos aqui, hoje, senhoras e senhores,
buscando apoio. Nós queremos a Câmara de Vereadores de Porto Alegre, com toda a
expressão que ela tem, que cada Vereador desta Casa tem - fundados nos
movimentos sociais -, e todo o engajamento político e social de cada um de
vocês para que a questão das crianças e dos adolescentes, meninos e meninas
desaparecidos se torne um tema relevante, para que nós não mais precisemos ver
estampados casos como o do serial killer Adriano,
que matou oito, dez, doze, quatorze crianças e, assim, se tornou manchete no
Rio Grande do Sul. Que nós passemos a nos preocupar todos os dias com essa
problemática!
Nós queremos fazer um convite aos
Vereadores desta Câmara para que, ao se somarem a este Projeto, coloquem em sua
agenda o fórum de debates que faremos no dia 21 de maio no Sesc Comunidade, em
parceria com todos os órgãos já citados e muitos outros, de todo o Rio Grande
do Sul: o Sesc, a Fundação Maurício Sirotsky Sobrinho, o Sindicato de Postos de
Gasolina, as Federações de Comerciários, enfim, os mais diversos segmentos da
população, que podem e devem ocupar-se dessa causa.
Nós gostaríamos de ver veiculada na
TVCâmara a existência de um sistema de busca imediata, com os telefones para os
quais as famílias e os responsáveis por crianças e adolescentes em situação de
violência, exploração e desaparecimento possam ligar, e os desaparecidos possam
ser buscados e protegidos. E que essa causa, de fato, se torne uma causa de
todos nós.
O slogan
do nosso Projeto é: “Se a gente perder tempo, eles podem perder a vida.”
Infelizmente, esse slogan se baseia
na mais triste realidade que queremos ver mudada, e, para tanto, contamos com o
apoio desta Casa. Muito obrigada. (Palmas.)
(Não revisto pela oradora.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Quero cumprimentar a
Srª Télia Negrão, Presidente do Coletivo Feminino Plural, e convidá-la a fazer
parte da Mesa.
O Ver. Cláudio Sebenelo está com a
palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
O
SR. CLÁUDIO SEBENELO: Fiz questão de me levantar para dizer da
minha emoção em tê-la ouvido, pelo seu extraordinário texto.
Essa denúncia que a senhora nos traz está
ligada à questão da segurança nas maternidades, inclusive à identificação nas
maternidades; à exploração do trabalho da criança e do adolescente; ao tráfico
de tóxico, de que a senhora já falou; ao crime-negócio, que não envolve só
tóxico, mas prostituição, prostituição agendada, a prostituição inclusive
comandada, a venda de seres humanos para o Exterior, a venda de órgãos para
doação no Exterior. Está ligada à violência familiar e, desgraçadamente, à
pedofilia, inclusive de origem familiar, e até mesmo a casos de filicídio.
Essas crianças e adolescentes estão num
momento terrível do fim das instituições. As instituições tradicionais de
educação, da família, especialmente dos clubes, de tantas instituições que
seriam, para nós, um depositário das esperanças dessas crianças, pelo convívio
saudável, passam a desaparecer. Esse que a senhora trouxe é um dos mais graves
sintomas sociais, que se mostra numa sociedade completamente indiferente e num
Estado totalmente impotente.
Ontem, nós tivemos uma reunião para
tratar de 20 ou 30 pessoas na Praça Daltro Filho. Nós não temos solução para
isso, e estavam seis Secretarias reunidas com a comunidade. A comunidade está
indiferente, a comunidade não quer os marginais na Praça. Isso é uma outra
coisa, e por isso eu acho que nós estamos em busca dessa psicanálise de uma
sociedade. E a busca imediata, por favor, é uma questão de consciência de cada
um de nós e dos profissionais da área de Segurança.
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Aldacir
Oliboni está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
O
SR. ALDACIR OLIBONI: Srª Telia Negrão, Presidente do Coletivo
Feminino Plural, queremos parabenizá-la, em nome da Bancada do Partido dos
Trabalhadores, não só pela iniciativa, mas pelo tema de extrema abrangência que
nos é trazido hoje, num dia especial, dia 07 de abril, Dia Mundial da Saúde;
traz-nos para uma grande reflexão.
Esse Projeto de Lei aprovado em nível
Estadual, por um lado, dá-nos um alento em termos do que nós temos em nível
municipal, mas nos causa uma tremenda estranheza perceber, claramente, pela sua
manifestação, como estava estruturada a Secretaria de Segurança em nível de
Estado, que não tinha dados, nem sequer nenhuma informação para poder
contribuir com a investigação, quando aconteceu esse fato específico aqui
levantado, no ano passado, do assassino Adriano.
No nosso Município, por meio da
Secretaria de Direitos Humanos, existe um grupo formado pelo Governo Municipal,
pelo Conselho da Criança e do Adolescente que hoje faz um monitoramento diário
sobre os casos denunciados, ao contrário do que nós vemos em nível de Estado,
em outros Estados até, em relação à forma como se trata quando se denuncia um
desaparecimento.
Nesse sentido, tenho certeza de que esta
Casa não só divulgará no site da Câmara
de Vereadores e na TVCâmara, mas procurará apresentar mecanismos de defesa
desse Projeto. Nós ainda não tínhamos visto a tamanha problemática que é esse
tema quando temos grande quantidade de crianças desaparecidas, que até então
ninguém assume a causa. Nesse sentido, tenho certeza de que esses dados
apresentados por V. Sª nos trazem essa reflexão, como eu disse antes, no Dia
Mundial da Saúde e remetem-nos para uma situação mais eficaz e mais permanente
não só dos nossos órgãos públicos, mas principalmente daqueles que se negam em
acompanhar tal questão. Parabéns, sejam bem-vindos a nossa Casa.
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Quero registrar e
agradecer a presença da Srª Liane Pedroso, do Centro Ecumênico de Capacitação e
Assessoria de São Leopoldo; da Srª Suzana Braun, do Sr. Jairton, representante
do DECA; da Srª Neuza Heinzelmann, representante do Conselho Municipal dos
Direitos da Mulher; da Srª Mirian Barbosa, do Núcleo de Estudos sobre a Mulher,
da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
O Ver. Cassiá Carpes está com a palavra,
nos termos do art. 206 do Regimento.
O
SR. CASSIÁ CARPES: Srª Presidenta, quero saudar a Srª Télia
Negrão, Presidente do Coletivo Feminino Plural. O direito de ser procurado, acho que a expressão é bem clara, e
colocamo-nos à disposição, a Comissão de Direitos Humanos da Câmara, para que
possamos, futuramente, quem sabe, fazer uma grande Audiência Pública com a
Secretaria de Direitos Humanos do Município também. Esse trabalho é muito
elogiado, e nós queremos aqui ser solidários a sua ação, a sua entidade. E
queremos dizer que o Partido Trabalhista Brasileiro está à plena disposição.
Esse é um trabalho belíssimo, um trabalho árduo, mas que, sem dúvida, vem
coroar o trabalho de vocês e, conseqüentemente, ajudar o setor público que tem
feito muito pouco para sanar esses graves problemas, principalmente dos meninos
e das meninas desaparecidas no nosso Estado, na nossa Capital. Meus parabéns
pelo trabalho, e colamo-nos à disposição na Comissão de Direitos Humanos da
Câmara.
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Haroldo de
Souza está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
O
SR. HAROLDO DE SOUZA: Belíssima explanação da Srª Télia Negrão,
Presidenta do Coletivo Feminino Plural. É um assunto por demais difícil de ser
resolvido, é bastante complexo, todos nós temos culpa, os Poderes Públicos têm
culpa, a Segurança tem culpa e a sociedade, de uma maneira geral, pelo nível em
que alcançamos esse empobrecimento desgraçado, crianças que vão para rua, os
meninos que vão para rua, desaparecem, e vem esta campanha: Meninas e Meninos Desaparecidos - o direito
de ser encontrado. Cumprimentos a senhora. Emocionadamente, cumprimentos,
porque havendo pessoas como a senhora e o seu grupo, preocupados com esse lado
social, preocupados com esse fato, nós podemos ainda ver uma luz, ali, no fim
do túnel.
O PMDB fica à sua disposição e à sua
campanha de esclarecimento. Gostaria de ter detalhes para que eu pudesse
divulgar na Rádio Guaíba, de Porto Alegre, onde eu trabalho, no sentido de
esclarecer, também, as pessoas, os ouvintes que a gente tem ao longo de todo o
Rio Grande do Sul. Muito obrigado. Seja bem-vinda a esta Casa.
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Obrigada, Ver.
Haroldo.
O Ver. Nereu D’Avila está com a palavra,
nos termos do art. 206 do Regimento.
O
SR. NEREU D’AVILA: Srª Presidenta, ilustre visitante Télia
Negrão, é um prazer tê-la entre nós. Eu e os demais Vereadores prestamos
atenção e ficamos muito tocados, como disse o Ver. Sebenelo, pela grandeza e
profundidade, principalmente, do texto que apresentou para nós.
Quando surgem problemas iguais aos de Passo Fundo, Soledade
- a situação dos menores até hoje não está muito clara, agora está surgindo em
outra parte do Brasil -, a imprensa traz não só a monstruosidade da questão,
mas também a situação de fragilização dos pais e de desproteção em relação aos
desaparecimentos.
Creio ser da mais alta importância essa
inserção, e os Poderes Públicos, hoje, necessitam desses órgãos, com essa
disposição, com esse enfoque magnífico, para auxiliarem, porque o Poder Público
não é o senhor da razão e nem tem meios, na maioria das vezes, para buscar
soluções ou a elucidação dos fatos.
Quero trazer, em nome da Bancada do PDT,
a nossa solidariedade. Colocamo-nos, como as demais Bancadas o fizeram, à
disposição, não só incentivando a participação no próximo ato anunciado há
pouco, como, de resto, em qualquer situação; parcialmente ou individualmente,
como Vereadores e com as Bancadas, estaremos à disposição de V. Sª Foi um
prazer ouvi-la, como sempre, nesta Casa. Obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. João Antonio
Dib está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
O
SR. JOÃO ANTONIO DIB: Srª Presidenta, Srs. Vereadores,
cumprimento, em nome do Partido Progressista, a Srª Telia Negrão, Presidenta do
Coletivo Feminino Plural. O trabalho que V. Sª e as suas associadas vem
realizando é muito importante e deve ser continuado, deve ser estimulado. Mas
eu vejo aqui uma coisa que sempre me preocupa: Projeto Meninas e Meninos Desaparecidos - o direito de ser procurado.
Eu não gosto muito do direito, eu gosto muito mais do dever. Eu sou contrário à
Carta Universal dos Direitos Humanos, porque, se todos cumprissem o seu dever,
nós não precisaríamos nos preocupar com o direito dos nossos semelhantes. Nós
temos a obrigação, nós temos o dever de buscar solução para os problemas.
Então, a senhora precisa contar com o
nosso apoio, porque nós temos o dever de lhe dar apoio. A senhora está
procurando cumprir com o seu dever de cidadã, mas há muita gente que fica só
dizendo que as crianças desaparecidas, que as crianças que estão abandonadas
nas ruas da Cidade têm direitos, mas ninguém parece preocupado em assegurar
esse direito.
Por isso é muito mais importante fazer em
dever do que em direito. E até uma das coisas que eu estranho é que a Carta
Universal dos Direitos Humanos foi escrita no mesmo ano que a Carta Americana
dos Direitos e Deveres do Homem, e não foi os americanos do Norte, foram 17
países da América que assinaram esta Carta, e ninguém lê essa segunda, só a
primeira. Mas só que ninguém assegura os direitos dessa infinidade de pessoas
que têm direito, nós sabemos que são iguais a nós, mas ninguém tem o dever de
cuidar deles, parece.
Por isso nós a cumprimentamos, em nome do
nosso Partido, e espero que continue fazendo o trabalho que vem fazendo, que
realmente é produtivo, em 21 de maio deveremos comparecer também. Conte
conosco. Saúde e PAZ!
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): A Verª Clênia
Maranhão está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
A
SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Srª Presidenta, Sras
Vereadoras, Srs. Vereadores, queremos saudar a presença, mais uma vez entre
nós, da Telia Negrão, do Coletivo Feminino Plural, que sempre traz a esta Casa
temas da maior relevância e temas sobre os quais a sociedade ainda não tem uma
consciência da sua responsabilidade. Eu também quero saudar a presença das
representantes do Movimento de Mulheres, do Movimento de Direitos Humanos de
Defesa das Crianças e dos Adolescentes que também se encontram aqui, que são
militantes dessas causas e que têm acompanhado este Parlamento.
E, mais do que acompanhado, a presença da
Télia tem esse significado, quer fazer com que nós, Parlamentares, possamos
incorporar na nossa luta cotidiana a preocupação com os direitos que realmente
são relegados a segundo plano no conjunto da nossa sociedade. Acho que o
Projeto trazido pela Télia Negrão tem de ser um Projeto que sensibilize esta
Casa pela gravidade da denúncia e pela crueldade da vida dessas crianças,
inclusive porque é realmente o motivador do seu abandono, da sua fuga, assim
como acho também que a denuncia da omissão do Poder Público é extremamente
grave e tem de nos estimular a lutarmos como cidadãs, como cidadãos, como
Parlamentares, para reverter esse quadro. Parabéns pelo trabalho, desejamos
todo o sucesso.
(Não revisto pela oradora.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Raul Carrion
está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
O
SR. RAUL CARRION: Em primeiro lugar, a nossa saudação à Srª
Télia Negrão, inclusive pelo seu dia hoje, pois hoje, além de ser o Dia Mundial
da Saúde, é o Dia do Jornalista e da Jornalista. Em seu nome, saúdo também o
Coletivo Feminino Plural e parabenizo o Projeto
Meninas e Meninos Desaparecidos - o direito de ser procurado.
Realmente
as suas denúncias, as suas colocações são importantes, nós sabemos que essa
situação decorre de uma sociedade que está, digamos, podre no seu cimento, onde
o tráfico de crianças, o tráfico de órgãos de crianças, a prostituição
infantil, o trabalho infantil são questões que vicejam e crescem, ao contrário
do que foi a humanidade - a civilização deveria apontar. A sua denúncia também
sobre o desmantelamento no nosso Estado é grave. Certamente, pelo esforço de
entidades como a sua, estão sendo superadas, mas infelizmente não é só esse
setor que está sendo desmantelado. Tivemos o desmantelamento de outras
importantes conquistas dos últimos tempos do nosso Estado, como a Participação
Popular. Mas certamente a sociedade irá aos poucos reconquistando.
Também queria acentuar que esta fala é um
contraponto a certas falas que nós ouvimos no dia de hoje, como a da redução da
idade penal, tratando as crianças como bandidos da sociedade. Aqui nós temos o
seu verdadeiro lugar, como verdadeiras vítimas sociais, vítimas da violência de
uma sociedade com tantos desajustes.
Então, parabéns, sigam essa caminhada e
certamente terão nesta Casa todo o apoio e todo o respaldo. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Eu quero agradecer
mais uma vez a presença da Srª Télia Negrão, Presidenta do Coletivo Feminino
Plural, por toda essa militância há longo tempo a favor dos Direitos Humanos da
Criança e do Adolescente, dizer que é uma honra recebê-las nesta Casa, voltem
sempre. Sempre serão muito bem-vindas. Obrigada.
Estão suspensos os trabalhos para as
despedidas.
(Suspendem-se os trabalhos às 14h55min.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes - 14h56min):
Estão reabertos os trabalhos.
Passamos à
PAUTA
- DISCUSSÃO PRELIMINAR
(05
oradores/05 minutos/com aparte)
1.ª
SESSÃO
PROC. N.º 0307/02 -
PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 035/02, de autoria do Ver.
Dr. Goulart, que concede o Prêmio Mérito Sindical ao Sindicato Médico do Estado
do Rio Grande do Sul (SIMERS).
PROC. N.º 4399/03 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 335/03, de autoria do
Ver. Carlos Pestana, que autoriza a criação do Centro de Referência do Grafismo
(REGRAF) e da Gibiteca João Batista Mottini e dispõe sobre sua administração.
PROC. N.º 1584/04 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 069/04, de autoria do
Ver. Isaac Ainhorn, que denomina Praça Moranense um logradouro público
não-cadastrado, localizado no Bairro Santa Cecília.
2.ª
SESSÃO
PROC. N.º 1303/04 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 053/04, de autoria do
Ver. João Bosco Vaz, que denomina Rua Luiz Pogorelski um logradouro público
cadastrado, localizado no Bairro Lomba do Pinheiro.
PROC. N.º 1354/04 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 054/04, de autoria do
Ver. João Bosco Vaz, que denomina Praça Engenheiro Flávio Gabriel Azambuja
Kessler um logradouro público cadastrado, localizado no Bairro Restinga.
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. João Antonio
Dib está com a palavra para discutir a Pauta.
O
SR. JOÃO ANTONIO DIB: Srª Presidenta, Verª Margarete Moraes; Sras
Vereadoras, Srs. Vereadores, minhas senhoras e meus senhores, eu sei que sou
uma voz discordante da maioria, mas tenho as minhas opiniões. Hoje e nos
últimos dias, a população tem lido nos jornais que Porto Alegre terá 35
Vereadores. Eu penso que, com 21 Vereadores, ela estaria muito melhor. E falo
com a tranqüilidade de quem foi Vereador nesta Casa tendo apenas 21 Vereadores,
agora, com 33 Vereadores e, no ano que vem, com 35 Vereadores. Naquele tempo,
em que havia 21 Vereadores, nós não
apresentávamos tantos projetos de lei, muitos deles absolutamente
desnecessários.
O Ver. Carlos Pestana, Líder do PT,
apresenta um Projeto de Lei que autoriza a criação do Centro de Referência do
Grafismo e da Gibiteca João Batista Mottini e dispõe sobre sua administração.
Ora, se fosse um Vereador da Oposição, a Situação estaria dizendo: “Como
interferir nas atribuições do Prefeito?” Mas eu penso um pouco mais: será que
este Projeto de Lei é necessário? Mas é claro que não. Se o Prefeito quiser
fazer a Gibiteca e as coisas que o Vereador está aqui propondo, ele fará. Não
tem por que não fazer, é rotina, é administração, não precisa nem lei para
fazer, é só o Prefeito ter vontade de fazer. Mas nós fazemos, aqui, um Projeto
de Lei.
Hoje, na Ordem do Dia, nós temos 52
Projetos para serem votados, nenhum deles de 2004. São de 2000, 2001, 2002 e
2003. E hoje, também, é um dia excepcional: na Pauta, só há cinco Projetos. Mas
é impressionante! Nos próximos dias, deve estar, aqui, uma enxurrada de
Projetos de Lei. Agora mesmo, o Serviço de Relações Públicas está distribuindo
um excelente trabalho, e nós vamos ficar espantados lendo quantos Prêmios
existem para serem distribuídos nesta Casa. Por isso eu acho que com 21
Vereadores era muito melhor do que com 33 ou 35 Vereadores. Quando eu entrei,
aqui, havia três Comissões - a Comissão de Justiça, a Comissão de Finanças e a
Comissão de Serviços Municipais -, e tudo funcionava muito bem. Nenhum Projeto
ficava atrasado. Quando chegava o fim do ano, nós tínhamos liquidado a Pauta, a
Ordem do Dia, tudo tranqüilo, sereno, mas, aqui, nós vamos continuar
apresentando projetos, com 33 Vereadores. Com 35 Vereadores, vai haver muito
mais projetos de lei, muito mais fantasias que aqui são apresentadas, e não
estou dizendo isso para o Líder do PT, que apresentou este Projeto, não.
Está aqui o Prêmio Mérito Sindical ao
Simers, sem dúvida nenhuma o Sindicato Médico do Estado do Rio Grande do Sul
merece a nossa consideração. É o mesmo Sindicato que, desta tribuna, disse que
a Prefeitura não entregava os remédios para
os cidadãos porto-alegrenses. É por isso que eu prefiro falar sempre em dever.
A Prefeitura tem o dever, a obrigação de dar aos porto-alegrenses no mínimo os
remédios anti-hipertensivos e antipsicóticos, que são baratos e que nos postos
de saúde não há - e foi denunciado aqui pelo Simers -, só isso bastaria para
que ele tivesse direito a esse Prêmio.
Portanto, não estou criticando ninguém
aqui, estou dizendo que temos um número excessivo de Prêmios, que temos uma
série de coisas que poderiam ser dispensadas, porque, quando chegamos a
discutir os grandes Projetos, não temos mais tempo. Mas, hoje, é um dia de
cinco Projetos, outra denominação de logradouros, mais outra denominação de
logradouro e uma quarta denominação de logradouro, portanto a Pauta hoje está
razoável, e a denominação de logradouros é extremamente importante. Eu já
comentei sobre um Projeto que a Verª Maristela Maffei apresentou aqui,
mostrando que, na Prefeitura de Viamão, na Câmara Municipal de Viamão, se podia
fazer um projeto de lei denominando simultaneamente dez, doze ruas, o que
abreviaria a tramitação, custaria menos para o povo e atingiria os mesmos objetivos.
Saúde e PAZ!
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. João Carlos
Nedel está com a palavra para discutir a Pauta. (Pausa.) Ausente. A Verª Maria
Celeste está com a palavra para discutir a Pauta. (Pausa.) Ausente. O Ver.
Carlos Alberto Garcia está com a palavra para discutir a Pauta. (Pausa.)
Ausente. O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para discutir a Pauta.
(Pausa.) Ausente. O Ver. Renato Guimarães está com a palavra para discutir a
Pauta.
O
SR. RENATO GUIMARÃES: Srª Presidente, Sras
Vereadoras e Srs. Vereadores, comunidade que nos assiste, quero somente deixar
o registro da importância de um Projeto de Lei que corre em 1ª Sessão de Pauta,
que é de autoria do Ver. Carlos Pestana. Quero fazer esse registro porque acho
que a gente traz para o debate desta Casa uma atividade cultural nova na vida
dos cidadãos e cidadãs deste País, que é uma expressão cultural centralmente
trabalhada, desenvolvida, constituída a partir da expressão da juventude, que é
a questão do grafite.
Já há um conjunto de ações que esta Casa
vem promovendo, participação em seminários, o Dia do Grafite, um conjunto de
operações em parceria com o poder Executivo. Acho que a intenção deste Projeto
de construir um Centro de Referência, onde a gente possa estar trocando, a
partir dessa atividade cultural, a partir dessa expressão cultural, com outros
Municípios, com outros Estados, onde projetos na área do protagonismo juvenil
despontam tratando dessa questão... Acho que o Centro de Referência vai poder
estar constituindo isso, poderá ser um local onde a gente organize o conjunto
das manifestações da juventude, centralmente da juventude - grafite não é feito
somente por jovens, mas hoje é uma expressão cultural muito forte ligada ao
protagonismo juvenil.
Eu acho que a intenção do Ver. Pestana de
trazer para uma iniciativa parlamentar a criação de um Centro de Referência tem
tamanha importância, porque vai abrir um leque de trocas com outras Cidades,
outros Estados, podendo levar para outros lugares a referência do que se faz
aqui e trazer desses lugares, também, como contra-referência, o que vem sendo
construído. Hoje, nós temos na Cidade de São Paulo uma das expressões centrais
da América Latina em relação à questão do grafite, e acho que a gente vai
poder, a partir dessa iniciativa, fazer essa troca lá com São Paulo, que já tem
- diferente de um Centro de Referência - casas de grafiteiros, tem uma política
de construir espaços para os grafiteiros, e poderemos fazer trocas com esses
espaços.
Quero também dizer que, aqui em Porto
Alegre, a partir de uma iniciativa de autogestão, na região do Rubem Berta, do
Bairro Rubem Berta, o movimento chamado Projeto Cidadania e Movimento
construiu, através do projeto do OP da Juventude, da Assistência Social da FASC,
um espaço, lá, onde se reúnem os grafiteiros, reúne-se a gurizada do hip hop, um espaço de construção
cultural, de construção de direito, de debate sobre o papel e o projeto da
juventude. Acho que aquele espaço lá é exemplo de como uma idéia dessas tem um
campo muito grande para crescimento, para que essa expressão, esse setor da
sociedade, essa parte importante da sociedade, que é a juventude, possa ter as
suas ações, as suas políticas reconhecidas.
Portanto, eu quero referenciar o Projeto
do Vereador a partir desse entendimento de que a Câmara dá a sua contribuição
na visibilidade desse setor cultural que cada vez mais cresce no País e na
nossa Cidade. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): A Verª Helena Bonumá,
que retorna a esta Casa, está com a palavra para discutir a Pauta.
A
SRA. HELENA BONUMÁ: Quero saudar a nossa Presidenta, Verª
Margarete Moraes; todos os Vereadores e Vereadoras, funcionários e funcionárias
da nossa Câmara Municipal, senhores e senhoras que acompanham a Sessão, é um
prazer estar voltando a esta Casa para acompanhar neste ano, que é um ano
importante para a nossa Cidade, o debate dos projetos que nós pretendemos para
Porto Alegre no futuro. Sem dúvida, esta Câmara de Vereadores tem um papel
importante na discussão e na definição das proposições, das políticas públicas
importantes para a nossa Cidade, e, por intermédio da nossa Bancada, a Bancada
do Partido dos Trabalhadores, nós estaremos compondo esse esforço e esse grande
debate dos rumos da nossa Porto Alegre do futuro.
Quero comentar dois Projetos que estão em
Pauta, o primeiro deles é de autoria do Ver. Elói Guimarães, que propõe ao
Sindicato Médico do Rio Grande do Sul o Prêmio Mérito Sindical. Nós entendemos
que é importante que se resgate a trajetória das organizações sindicais que
lutam pelos direitos dos seus sindicalizados, das suas categorias, mas também
entendemos que a luta sindical tem de sempre estar pari passu com a luta mais ampla do povo do nosso País, do nosso
Estado e da nossa Cidade.
Enquanto estava à frente da Secretaria de
Direitos Humanos e Segurança Urbana, Ver. Sebenelo, eu tive oportunidade de
participar de um processo de discussão com o Simers, onde esse Sindicato
registrava toda uma preocupação com a segurança dos médicos na Cidade. Naquele
grupo de trabalho que formamos com o Sindicato, nós conseguimos avançar numa
compreensão importante no sentido de entender a situação de vulnerabilidade
social e de violência urbana, que cresce no mundo inteiro, e a importância que
tem a ação dos profissionais das mais diferentes áreas e, principalmente, no
caso, a ação dos médicos juntos às comunidades dessas populações.
Portanto, nós fizemos um trabalho de
alguns meses em conjunto com o Sindicato e entendemos que estamos amadurecendo
um processo no sentido da compreensão da importância dos profissionais e da
realidade dura que vivem as comunidades que ainda estão submetidas a um
processo, às vezes, de crescimento da violência urbana, que é um desafio que
poderemos estar, conjuntamente, no futuro, enfrentando.
Quero também comentar o Projeto de Lei de
autoria do Ver. Carlos Pestana, da nossa Bancada, que cria um Centro de
Referência do Grafismo em Porto Alegre, abrigando aí as manifestações gráficas
diversas, principalmente cartuns, quadrinhos e, como dizia o Ver. Renato
Guimarães aqui, manifestações produzidas principalmente pela juventude. Nós
entendemos que é um Projeto importante, porque cria um local para a
centralização de toda essa produção que aqui, na nossa Cidade de Porto Alegre,
é expressiva. Nós temos na nossa Cidade cartunistas, temos uma produção de fanzines, por meio de diversos grupos de
jovens, nós temos as próprias histórias em quadrinhos que, aqui, por produção
própria de Porto Alegre, já têm muitos anos de produção e entendemos que cabe,
sim, termos um lugar que vá abrigar toda essa produção e vá estar
disponibilizando para a sociedade isso de volta, como um lugar de espaço, de
pesquisa, de consulta, para a população estar podendo usufruir dessa produção,
que é uma manifestação cultural importante, é uma manifestação cultural rica,
principalmente dos nossos jovens, mas que está dispersa, está atomizada, e que,
portanto, não se constitui num acervo que possa estar sendo consultado e
usufruído pela Cidade. Nós entendemos que é uma ação importante, afirmativa, na
área da cultura, contempla uma reivindicação dos nossos jovens e que, nesse
sentido, tem de ter, sem dúvida, o apoio da nossa Câmara de Vereadores. Muito
obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Nereu D’Avila
está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. NEREU D’AVILA: Srª Presidente, Verª Margarete Moraes;
Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, senhoras e senhores, desejo, em
respeito aos nobres municipários que nos honram com a sua presença, dizer
algumas palavras a respeito deste importante Projeto que está aqui desde
outubro sobre a Previdência Municipal. O nosso Partido, que já havia fechado
questão em nível regional, ontem teve uma reunião com os Srs. Vereadores lá na
Sede Regional, onde foi ratificada a posição contrária aos 11%. (Palmas.)
Inclusive, apresentamos uma Emenda, de acordo com o cálculo atuarial, de 7,64%,
Emenda assinada por mim e pela nossa Bancada.
Queremos dizer que o mais razoável - e esta é uma opinião a
qual eu pretendia que fosse avançando -, o mais consentâneo com a realidade
seria a espera da votação da PEC Paralela pela Câmara Federal. O próprio
Senador Paim, que aliás não é do PDT, mas é um ilustre Senador da República,
deste Estado, que honra as nossas tradições - por isso eu uso o nome dele -,
estranhou e tornou público nos jornais que aquilo que havia sido combinado no
Senado, que era a votação da PEC Paralela na Câmara Federal sem grandes
modificações, agora, rapidamente, está acontecendo ao contrário: está
tropeçando, está sendo empurrada sem nenhum vislumbre do que será aprovado
imediatamente. E pior do que tudo, como apontou o Senador Paim: na Câmara, está
havendo Emendas que o Governo Federal já havia combinado que não haveria,
porque voltariam ao Senado para a sua segunda votação, porque, de resto, é uma
Emenda Constitucional. Então, o próprio Senador está estranhando.
Mas por que o mais razoável seria
esperar? Porque, se a Emenda Constitucional nº 41 determinou que não pode haver
aumentos menores do que 11%, eu ouso dizer que essa Emenda Constitucional nº 41
é inconstitucional, porque não se pode fazer isonomia de cima para baixo e não
se pode aplicar justiça tentando igualar os desiguais. E por que igualar os
desiguais? Porque eu já disse nesta tribuna... E o Deputado Collares estuda e é
profundo conhecedor de Previdência, assim como outros, como o próprio Senador
Paim, e eles diriam, se lhes fosse colhida opinião a respeito de problemas do
Estado do Rio Grande do Sul, IPE e Município - e nós endossaríamos -, a
obviedade: são completamente díspares as questões, são completamente
diferenciadas. Mais do que isso, se houvesse cálculo atuarial para o Estado,
seria mais do que 11%, seria cerca de 14% em relação à falência do IPE. Não é o
caso dos municipários. Não é 11%, nunca seria 11%, é menos, até porque o Ver.
Estilac Xavier, quando Líder do PT, quando houve o aumento de 4,75 para 6,75%,
acordou que a taxa de administração de 2% seria incumbência da Prefeitura.
Então, a discussão teria de começar não em 11%, mas em 9%, e vir baixando, pelo
cálculo atuarial, até 7,64%. Esta é a verdade.
Dentro em pouco, haverá uma reunião com os Vereadores, no
gabinete da Presidência, convocada pela ilustre Presidente, para agendar a
votação da questão previdenciária, do Previmpa. Eu acho que o razoável, a
solução viável, era esperar a PEC, porque na PEC Paralela, no inciso 2º do art.
139, está aquilo que é o óbvio, que é dar a possibilidade de os Estados e os
Municípios seguirem o que o cálculo atuarial determinar. É óbvio! Por que é que
tem de ser igual o que é desigual? Por que é que tem de ser 11% em Porto
Alegre, se não é 11% a necessidade do Previmpa?
Aqui desta
tribuna, naquela Audiência Pública que o Ver. Carlos Alberto Garcia ensejou, um
dos ilustres líderes das entidades, um dos dirigentes do Sindicato deixou essa
questão clara. Também o que foi apresentado aqui por uma idônea e
competentíssima empresa ficou claro, são números.
Então, nós
temos de viabilizar algo sabendo que, para cada Município, é um caso. Nós
estamos em Porto Alegre, temos problemas com Porto Alegre. Foi extinto o
Montepio. O razoável, o melhor, até acho que o mais consentâneo com realidade
de Porto Alegre seria aguardar a PEC Paralela. Mas, se não se aguardar, eu
creio, assim como a Bancada do PTD fechou questão, que os 11% não é o ideal, é
confisco, e esse percentual não deve ser aprovado, deve ser derrotado pela
Câmara Municipal de Porto Alegre. (Palmas.)
(Não revisto pelo
orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Cláudio
Sebenelo está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. CLÁUDIO SEBENELO: Srª Presidente e Srs. Vereadores, eu
queria, depois de esgotado o assunto pelo Ver. Nereu D’Avila, dizer que este
Vereador vai votar frontalmente contra os 11%. (Palmas.) Algumas coisas eu
gostaria de acrescentar. Gostaria de dizer que é indiscutível que um cálculo
atuarial neutro fique entre 7% e 8%. Eu acho que estamos dentro do razoável,
conforme a análise feita pelo Ver. Nereu, que é a nossa.
Mas eu queria só relatar a falência da
Prefeitura Municipal de Porto Alegre, do seu discurso e principalmente da sua
prática. Ontem ouvi o depoimento de quatro Secretarias, de um representante da
Brigada Militar e da comunidade da Praça Daltro Filho. Ouviram-se barbaridades
da forma e do entendimento como encaminham o assunto de marginais daquela
Praça, da indiferença da comunidade em relação à Praça; não querem marginais,
mas também não querem ocupar; da falta de uma parceria, da falta de zeladoria
nas nossas praças. As praças não têm zelador, inclusive nós já aprovamos uma
quantidade grande de zeladores para as praças de Porto Alegre. Os cargos foram
aprovados aqui a pedido do então Secretário, nosso excelente Ver. Gerson
Almeida, mas não há zelador nas praças.
A falência do Estado está muito mais
fotografada; a falência desta Prefeitura, quando, numa reação quase pueril,
como entidade, a Prefeitura estabelece o ano de 2004 como o ano da saúde,
tentando varrer rapidamente, para que as visitas não vejam, todo o lixo para
debaixo dos tapetes. E 2004 não está sendo o ano da saúde, está sendo o ano da
evidência terrível do que acontece na área da Saúde. Esta madrugada eu estava
num posto de saúde de Porto Alegre, onde havia pessoas dormindo, algumas
aguardando uma consulta. Eram 23 horas e até às 2 horas da manhã essas pessoas
ainda estavam lá, e outros estavam guardando lugar para vender a marcação de
consultas. E isso acontece na maioria dos postos de Porto Alegre pela falência
do sistema adotado.
Hoje é o Dia Mundial da Saúde. Eu quero
que vocês visitem as emergências da Cidade de Porto Alegre e vejam o contraste
dos grandes hospitais com leitos fechados e com as emergências com cento e
tantas pessoas para baixar, e diz-se que não há leitos, porque cada hospital
tem um teto e, fora daquele teto, ele não é pago. Ora, por favor, são
argumentos absolutamente ridículos, que mostram apenas a desumanização do
atendimento médico, do atendimento de Saúde na Cidade de Porto Alegre. Não se
plasmou uma política municipal de Saúde.
Vocês vão ouvir mocinhas grávidas dizendo
que foram muito bem atendidas no HPV, no Programa Cidade Viva. Mas vejam as
manchetes da Zero Hora dizendo das mocinhas grávidas se prostituindo na Glória,
na Carlos Barbosa. Isso é manchete do jornal Zero Hora. Neste quase fim de
sociedade que nós vivemos, vemos uma pessoa chegar aqui, hoje, e falar sobre
menores desaparecidos; outra, sobre crianças se prostituindo, sobre
adolescentes drogados, sobre adolescentes vitimados pela AIDS, sobre a
insuficiência e a impotência da Prefeitura Municipal para resolver esses
problemas. Apesar da boa vontade dos seus técnicos, não há uma política
municipal voltada para a organização, sistematização e mecânica de
funcionamento da área da Saúde.
Nós pedimos uma CPI, e o Partido dos
Trabalhadores entrou na Justiça, e até hoje não foi julgado. E está todo o
mundo sentado em cima do processo. E
hoje, como é o Dia Mundial da Saúde, nós queremos a CPI, a CPI da Saúde em
Porto Alegre, porque todos vocês têm parentes que estão ou nas emergências ou
nos postos de saúde à espera, muitas vezes, de uma consulta para daqui a dois
ou três anos, quando as pessoas ou já morreram, ou já ficaram aleijadas. CPI da
Saúde! (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Elói Guimarães
está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. ELÓI GUIMARÃES: Srª Presidenta, Srs. Vereadores e Sras
Vereadoras, senhores e senhoras, funcionários públicos, lideranças e entidades
aqui presentes, já se tem dados concretos, objetivos do cálculo atuarial, que
não os encaminhados no Projeto do Chefe do Executivo. E é do conhecimento
público, do conhecimento da Casa que há um elemento estranho ao cálculo
atuarial. Qual é este elemento? É exatamente um passivo na ordem de 40 milhões
e que representa, na elaboração do cálculo atuarial feito pelo Chefe do
Executivo, de resto, pelo Município, um valor na ordem de 6,67%. Portanto, o
correto, atuarialmente correto, é exatamente o trabalho feito - há vários
trabalhos - pela Aiamu. O cálculo atuarial certo é 22,91%, porque nesse
trabalho feito estão todos os elementos capazes e suficientes para dar
sustentabilidade às contribuições e aos direitos, à medida que vão ocorrendo.
Então, incluir-se, vejam V. Exas
e todos os presentes, um passivo que é pro
tempore numa alíquota ad perpetuam
é absolutamente incorreto. Absolutamente incorreto! Não se sustenta a tese do
Município de que precisa os 31, 32% para fazer a Previdência dos servidores do
Município de Porto Alegre. Essa tese é insustentável do ponto de vista
atuarial, do ponto de vista técnico. Porque até podemos negociar; sim, podemos.
Há um passivo de 40 milhões? Vamos estabelecer o cálculo atuarial na base de
22,91%, porque esse é definitivo, é eterno, por assim dizer. Vamos negociar à
parte! Acho que até os funcionários estariam dispostos, numa negociação, a
carrear esse diferença. Agora, estabelecer-se definitivamente o percentual de
31%, 32% é usurpar! É usurpação!
Há uma questão de ordem técnica e há
direitos do funcionalismo - sem trazer à colação a PEC, que está lá no
Congresso, e, segundo informações, deverá merecer, nos próximos dias, uma
decisão. Sem falar na quebra do sistema federativo. Não! Os cálculos, os dados
trazidos com estudos que foram elaborados dão conta de que não precisa, embute
ao Município um passivo que não é definitivo. Esse passivo, uma vez se pagando,
Ver. Gerson Almeida, não se faz necessário, sobrecarregando uma diferença de
seis pontos. Vinte e dois para trinta
e um por cento não se justifica, não se fundamenta tecnicamente. Muito
obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. MARISTELA MAFFEI (Requerimento): Srª Presidenta,
gostaria de solicitar um minuto de silêncio pelo falecimento da irmã da nossa
Diretora Legislativa Rosi, a Srª Rosali Chaves Aguiar.
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Deferimos o pedido.
(Faz-se um minuto de silêncio.)
O
SR. CLÁUDIO SEBENELO: Srª Presidenta, só uma frase para dizer que o nosso sentimento está
muito ligado ao convívio que nós temos com a Drª Rosi, Diretora, aqui, do
Plenário, e que a perda de uma pessoa da família é para nós também uma grande
perda. Nós nos solidarizamos com ela.
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Obrigada, Ver.
Cláudio Sebenelo.
O Ver. Haroldo de Souza está com a
palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. HAROLDO DE SOUZA: Srª Presidenta, Vereadores, Vereadoras,
amigos municipários que aqui se encontram, vocês todos já sabem o meu ponto de
vista a respeito: não aos 11% - evidentemente. É indiscutível: não! Votaremos
contra. Há uma faixa nas galerias: “Vinte e cinco mil contra os 11%”.
Absolutamente certo! O HPS entra na
parada. Eu peço permissão a vocês para focalizar um outro assunto, mas
vocês sabem qual é o meu ponto de vista.
Foram 276 as pessoas que fizeram um
abaixo-assinado. O abaixo-assinado, antigamente, neste País, tinha o seu valor
e o respeito das autoridades. Tinha! Pois foi em 2002 que o Sr. Hallos Alfama,
que mora na Acesso A, nº 2.587, enviou-me um documento mostrando um problema na
Nova Restinga, que aparece nestas fotos aqui. (Mostra fotos.) Esse problema,
por meio do meu gabinete, em 2002, foi enviado à Secretaria competente, que
tomou as providências: foram lá e colocaram uma pequena boca-de-lobo. Nada a
ver! O problema continua! Eu entrei em contato com o Sr. Hallos - ilusão minha,
claro! - para saber se o problema tinha sido solucionado. A resposta dos
moradores da Nova Restinga: “Vieram aqui, deram um paliativo para o problema, e
o problema é o mesmo”.
Ver. Dib e demais Vereadores, você sabem
qual é o problema? Dez metros de cano! São necessários dez metros de cano para
aquele local da Nova Restinga não ter mais inundação. E, quando essas 276
pessoas que fizeram o abaixo-assinado foram ao órgão competente, disseram a
elas o seguinte: “Vocês têm de pedir esses dez metros de cano procurando o
Orçamento Participativo”. Espera aí! Eu, se fosse Deputado Estadual, que recebe
diária para viajar, pegaria a minha diária de ir à Restinga, compraria um cano
e daria de presente para a Prefeitura. Dez metros de cano para evitar inundação
na Nova Restinga, por favor.
Outro assunto que eu quero focalizar
neste meu espaço hoje é o seguinte: Dia Mundial da Saúde. Eu quero falar da
Saúde, Ver. Sebenelo. Depois de 16 anos, o PT fala que 2004 é o ano da saúde.
Mas por que 2004 é o ano da saúde, se a saúde deve ser todos os dias? O Ver.
Sebastião Melo, por meio da sua Comissão, reuniu ontem, aqui neste plenário,
ilustres convidados e a Secretária da Saúde do Município, que mostrou eslaides,
planos para a saúde, detalhes, gráficos. Agüentei exatos 14 minutos, porque a
minha Comissão, presidida pelo Ver. Isaac Ainhorn, não havia marcado reunião
para ontem, por isso eu vim aqui. E agüentei só 14 minutos. Por quê? Como é
bonito falar... Como é bonito mostrar no papel coisas totalmente fora da
realidade! Aqui se fala, aqui se mente, aqui se enrola! Plano de saúde não é
feito no papel, não; é na ação! Plano de saúde é a realidade nua e crua desta
Cidade de postos de saúde totalmente abandonados pelo Poder Público. E eu
duvido que um dia a Srª Secretária tenha, nas horas incertas da vida, visto
dramas que se desenrolam todas as madrugadas, em filas do SUS, à procura de um
atendimento. Tem de ir lá ver para depois vir mostrar eslaides mentirosos,
gráficos que não existem, enganando a população, porque é um ano eleitoral.
E eu repito: não aos 11% que pede a Prefeitura aos
municipários. (Palmas.)
E quero deixar aqui uma mensagem, uma
reflexão: na breve ventura terrena, teremos, Ver. Dib, vidas em outras
dimensões? Não sei. Mas, nesta breve vida terrena, teremos sempre amores e
desamores; isso é humano. Nada mais do que um reencontro divino de almas
humanas, como nós, aqui mesmo, nesta Casa, de tantos encontros e desencontros,
acertos e desacertos. Aprendemos todos os dias até entender que, aqui neste
planeta, neste plenário também e nesta tribuna, alguém nos chama de ignorantes,
como o Ver. Raul Carrion chamou este Vereador, quando na real ele simplesmente
faz uso do único instrumento que conhece com extrema categoria, que é o da
ignorância da vida e o conhecimento profundo das demagogias e pregações
políticas sem sentido. Mas haveremos, sim, todos nós, um dia, de nos
reencontrar e, por meio do verdadeiro diálogo sincero, entender que todos nós
somos iguais perante Deus e que devemos cumprir aqui os desígnios que muitas
vezes estão além da nossa dimensão humana.
E os municipários são humanos, por favor,
confisco da Prefeitura para cima dos municipários? De mim? Não vão levar!
(Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): O Ver. Ervino Besson
está com a palavra.
O
SR. ERVINO BESSON: Meu caro colega que preside a Sessão
neste momento, Ver. Luiz Braz, quero comunicar ao Plenário, conforme o já
informado pela Presidenta Verª Margarete Moraes de que este Vereador iria
representar a Casa, no dia de hoje, às 14 horas, no auditório da Caixa
Econômica Federal, no evento em solidariedade à comemoração do 1º ano do
Programa Primeira Infância Melhor, que o evento foi suspenso.
O
SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): O Ver. Elói Guimarães
está com a palavra para discutir a Pauta.
O
SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente no exercício da
Presidência, ex-Presidente da Casa, Ver. Luiz Braz; Srs. Vereadores e Sras.
Vereadoras, senhores funcionários que acompanham aqui atentos, nem poderia ser
diferente, o desdobramento dessa questão, que é de interesse transcendental
para a vida das pessoas.
Eu não vou falar sobre esse assunto, pois
temos de nos ater à Pauta, onde consta um Projeto de autoria do Ver. Dr.
Goulart instituindo o Prêmio Mérito Sindical, um Projeto de autoria do Ver.
Carlos Pestana autorizando a criação do Centro de Referência do Grafismo, um
Projeto do Ver. Isaac Ainhorn denominando uma praça e um Projeto do Ver. João
Bosco Vaz denominando um logradouro.
Nós temos - e analiso a questão sob o ângulo
da regra, por assim dizer - por princípio norteador do conjunto de matérias
sobre o qual a Casa tem competência... Nós, evidentemente, temos profundas
limitações, não só a Câmara Municipal, como de resto o Legislativo, as
Assembléias e o Congresso Nacional, porque grande parte das matérias que mexem
com a despesa pública são da competência privativa do Chefe do Executivo.
Então, a grande função do Legislativo, na
minha opinião, é a fiscalização. E, quando falo em fiscalização, estou a me
referir à análise de todas aquelas questões que são trazidas ao Parlamento, ou,
no caso, à Câmara, que dizem respeito ao interesse geral, e interesse
específico, também, em relação ao funcionalismo. Por exemplo, esta matéria que
vem à Casa, no tocante à alteração das alíquotas do Previmpa, requer absoluta
vigilância, todo controle, porque mexe na vida das pessoas, do funcionário e,
de resto, da máquina administrativa - que é muito importante para o desempenho
estatal da instituição pública.
Mas nós temos aqui grandes limitações.
Muitas vezes, critica-se o fato de se dar nome às ruas; é algo que parece, a
primeira vista, pejorativo. Absolutamente não! É uma função da Casa. Por isso
que, muitas vezes, consta na Pauta uma série de nomes a logradouros públicos, a
pessoas e a acidentes geográficos. A Cidade é importante, os nomes dos
logradouros são fundamentais para que as pessoas se localizem e até para sua
dignidade. É muito ruim morar em uma rua chamada de Rua 25, Rua 30, etc. e tal.
Então, são funções também importantes da Casa. Evidentemente, que bom seria se
nós pudéssemos ter maior competência para trabalhar e agir em questões como
essas de interesse do funcionário, de resto, da população.
Portanto, ficam aqui essas nossas
observações, dizendo que a Casa faz o que está estabelecido na Constituição.
Então, não se pode cobrar que a Casa tome determinados tipos de providências,
porque ela está cingida aos limites constitucionais. E produzir fora dos
limites constitucionais não se sustentaria do ponto de vista da Justiça. Obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Sebastião Melo
está com a palavra para discutir a Pauta. (Pausa.) Ausente. O Ver. Reginaldo
Pujol está com a palavra para discutir a Pauta. (Pausa.) Ausente. O Ver.
Cláudio Sebenelo está com a palavra para discutir a Pauta.
O
SR. CLÁUDIO SEBENELO: Srª Presidenta, Srs. Vereadores, queria,
agradecendo a presença da platéia, falar sobre o Projeto do Ver. Dr. Goulart
que está na Pauta de hoje. O Vereador é meu colega de profissão e de uma
batalha imensa pela Saúde e está propondo à Casa o Prêmio Mérito Sindical ao
Sindicato Médico do Rio Grande do Sul.
Hoje é Dia dos Jornalistas, e os
jornalistas são lembrados, como falei especialmente em Liderança. Hoje é o Dia
Mundial da Saúde, e médicos que trabalham e que gostariam de não ser notícia
passam a ser notícia. O Sindicato Médico publica, hoje, no jornal Zero Hora,
uma mensagem aos médicos e aos jornalistas, que juntos têm feito um trabalho
admirável, como consta na página 03 da Zero Hora, em que é denunciado o caso de
uma pessoa que há cinco anos espera uma cirurgia de varizes e que, por isso, já
perdeu três oportunidades de emprego. É evidente que esse é um caso pontual,
mas os milhares de casos que nós já denunciamos aqui da tribuna unem-se a essa
homenagem ao Sindicato Médico do Rio Grande do Sul, que tem feito um trabalho
magnífico de proteção, da mais legítima defesa dos nossos pacientes. Mais do
que defender os médicos, mais do que ser corporativo, ele defende aquilo que,
para nós, é o alvo mais precioso, é o alvo mais acarinhado pela profissão, que
é o nosso paciente. E eu digo isso com grande emoção, porque se percebe isso na
luta do dia-a-dia.
Ontem, quase em frente ao prédio do
Sindicato Médico, eu fui atacado por uma pessoa que estava em prantos por causa
do irmão, que estava na Emergência do Hospital Conceição e tinha sido
maltratado. Essa pessoa sofre das suas faculdades mentais, e essa senhora - que
eu nunca havia visto na minha vida - começou a chorar, com queixas amargas,
numa dor insuportável, porque a dor da doença se junta à dor dos maus-tratos -
e isso para nós é insuportável.
E o Sindicato Médico merece toda essa
honraria, toda essa homenagem quando sai na vanguarda, estabelecendo
trincheiras para a defesa inabalável, não dos médicos, mas do exercício médico
e dos pacientes. E é isto que nós queremos salientar na feliz idéia do Ver. Dr.
Goulart: a importância da presença do Sindicato. Nós buscamos, neste ano, entre
aspas, da saúde, neste Dia Mundial da Saúde, a presença de um Sindicato que
defenda seus pacientes, que saia em busca de melhorias, como nós temos saído e
como fomos recebidos, admiravelmente, pelo Presidente do Tribunal de Justiça,
Dr. Osvaldo Stefanelo, que está dando prioridade para a CPI da Saúde. E quem
está ao nosso lado é o Sindicato Médico, que não nos abandonou, que está junto,
inclusive, nos nossos pedidos, como testemunha, como peticionário, ajudando,
todos os dias, permanentemente, nessa luta que há de ter um fim, que será
festejada pela população, porque é a legítima defesa inexorável, inabalável e
inapelável dos direitos dos cidadãos na hora da doença. E, quando ele está mais
fragilizado, mais doído, na delicadeza desse momento, nós vemos a truculência
de um sistema errado. E isso é insuportável, e até no dia da nossa morte nós
estaremos berrando, clamando por essa necessidade imprescindível, nessa
primeiríssima necessidade em que nós temos, pelo menos, o conforto de estar
junto conosco o Sindicato Médico. Meus parabéns ao Sindicato Médico.
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Uma vez encerrado o
período de Pauta, eu quero registrar que existem três Vereadores inscritos em
tempo de Liderança: o Ver. Beto Moesch, o Ver. Carlos Alberto Garcia e o Ver.
Raul Carrion. Eu quero garantir a palavra a eles e suspendo esta Sessão por 15
minutos, convocando uma reunião, neste momento, entre Mesa e Lideranças no
Salão Nobre.
O
SR. JOÃO ANTONIO DIB (Questão de Ordem): Srª Presidenta,
a nossa Bancada gostaria de saber a posição da Casa em relação ao Requerimento
que nós fizemos pedindo a contratação de um auditor independente. Não pode ser
feito sem que haja uma definição clara, precisa do que foi apresentado para
nós. Nós entendemos que a Casa não tem condições de votar, enquanto não houver
esse estudo do atuário.
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Sim, Ver. João Antonio
Dib, nós já encaminhamos essa questão junto à Diretoria-Geral da Casa para que
processe essa contratação.
A Sessão está suspensa, e eu convoco Mesa
e Lideranças para uma reunião, agora, no Salão Nobre da Presidência.
(Suspendem-se os trabalhos às 15h51min.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes - 17h24min):
Estão reabertos os trabalhos.
Em respeito às pessoas que nos assistem
aqui nesta galeria, quero dizer que houve um acordo entre todos os Vereadores
da Situação e da Oposição para que o início da discussão sobre o Previmpa seja
na próxima quarta-feira, um acordo entre todos os Vereadores desta Casa.
O
SR. SEBASTIÃO MELO (Questão de Ordem): Srª Presidenta, eu requeiro
a V. Exª que esclareça a este Plenário, fruto da manifestação do Ver. João
Antonio Dib, porque este Vereador havia protocolado, se não me engano, no dia
25 de março, um pedido para a contratação de um atuário, portanto com o mesmo
objetivo. Eu gostaria de saber se isso procede, porque, na verdade, são pedidos
convergentes, e gostaria que fosse informado o Plenário sobre isso.
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Pois não, Ver.
Sebastião Melo. Existe um Ofício assinado por V. Exª, do dia 25 de março de
2004, e outro Ofício assinado no dia 1º de abril de 2004 pelos Vereadores Beto
Moesch, Pedro Américo Leal, João Antonio Dib e João Carlos Nedel. Nós
encaminhamos ambos os Ofícios, e este último nós juntamos ao de V. Exª. Creio
que respondi a questão de V. Exª
O
SR. BETO MOESCH: Srª Presidenta, Sras
Vereadoras, Srs. Vereadores, nós saudamos os funcionários presentes, que têm
colaborado em muito com o Poder Legislativo para que possamos votar da forma
mais correta possível a alteração previdenciária. A Bancada do Partido
Progressista acorda, e isso é posição de Bancada, que não votará este Projeto
sem uma análise isenta do cálculo atuarial apresentado pela Prefeitura. Isso
foi requerido; por mais que exista uma Emenda Constitucional que preveja os
11%. E, se o cálculo atuarial prever que não são 11%, o que faremos com a
diferença? No mínimo, um aumento para o funcionalismo, a garantia da
bimestralidade. Então, esse assunto precisa ser melhor trabalhado, e nós precisamos,
sim, esperar a votação da PEC Paralela. Está provado o desconforto em nível
nacional com relação aos 11%; Curitiba e Campinas têm uma realidade diferente
de Porto Alegre, por isso os Municípios precisam, sim, da autonomia. Onde é que
está, afinal, o pacto federativo tão apregoado inclusive pelo Partido que está
hoje no poder em nível federal?
(Manifestação nas galerias.)
O
SR. BETO MOESCH: Já que a Cidade é dinâmica e vários
assuntos se apresentam, Ver. Carlos Pestana, gostaria de dizer que, finalmente,
a Comissão Especial da 3ª Perimetral - que apresentou um relatório em agosto de
2001 pessoalmente ao então Prefeito -, só hoje e apenas hoje, recebeu uma
resposta oficial, em abril de 2004. Isso mostra, não por parte da atual
Liderança do Ver. Carlos Pestana e do Ver. Marcelo Danéris, mas pela maioria
dos integrantes do Poder Executivo, lamentavelmente, o desrespeito a este Poder
Legislativo, porque até hoje não havia apresentado uma resposta sequer a um
trabalho inédito em Porto Alegre que analisou o Estudo de Impacto Ambiental e
que mostrou que as compensações ambientais da 3ª Perimetral deveriam ser
ampliadas, e assim quis e provou não só a este Poder, mas assim quis e provou a
todas as associações de bairros e a todos os moradores afetados por aquela obra
de mais de 100 milhões de dólares.
E a resposta simplesmente não leva em
consideração o que foi apresentado pela Comissão Especial para avaliar,
acompanhar e ampliar as compensações ambientais dessa megaobra, de uma obra que
atende apenas ao sistema rodoviário, que prioriza mais uma vez os carros e que
vai de encontro, vai ao contrário do que sempre se falou aqui, inclusive no
Fórum Social, de que os megaempreendimentos rodoviários são coisas do passado e
que não atendem às necessidades da população. Uma política sempre conservadora
da Prefeitura que não sabe dar uma resposta moderna, eficaz e que sequer cumpre
com o seu discurso. Não há resposta, aqui, para a nossa Comissão Especial. Diz
que está tudo bem, e mais, praças previstas no EIA-RIMA não foram e não serão
efetivadas. O número de mudas de árvores previstas pela Lei não está sendo
cumprido. Há um desrespeito flagrante, portanto, da própria Lei por parte do
Executivo ao implantar essa obra. Ao menos veio a resposta que, desde agosto de
2001, Ver. Pedro Américo Leal, a Comissão Especial desta Casa, composta por 11
Vereadores, esperava.
Quero aqui agradecer o empenho do Ver.
Carlos Pestana e do Ver. Marcelo Danéris, mas, infelizmente, eles não
conseguiram sensibilizar os burocratas que estão lá à frente da Prefeitura, que
não fazem uma análise séria e humana da Cidade de Porto Alegre. Muito obrigado.
(Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Carlos Alberto
Garcia está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Srª Presidenta, Sras
Vereadoras e Srs. Vereadores, talvez já tenha feito mais de 50 ou 60
pronunciamentos sobre o tema relativo ao preço do combustível e, desde agosto
do ano passado, tenho reiterado o que está ocorrendo em Porto Alegre. Eu sempre
volto a mesma tecla. Os donos de postos de combustível sempre ganharam entre 21
e 23 centavos e, desde agosto do ano passado, começaram a ganhar 10, 12, 15
centavos acima desses 21 e 23. No ano passado, fomos ao Procon que julgou
improcedente, entramos com uma representação no Ministério Público por formação
de cartel.
E eu gostaria de ler o que Frederico
Abraão de Oliveira coloca sobre cartel (Lê.): “Cartel é o acordo temporário
entre diversas empresas exploradoras de um mesmo ramo, com o objetivo de
exercer o monopólio do mercado, conservando cada uma delas parte da sua
independência e o total de sua personalidade jurídica. É um conchavo
empresarial na busca do monopólio". Diz ainda: "No cartel as empresas
acertam como e a que preço colocarão os seus produtos no mercado e como
negociarão com os seus fornecedores de matéria-prima, mão-de-obra, etc. Na
busca das mesmas vantagens do monopólio, objetivam aniquilar com os seus
concorrentes, assim o fazendo pela fixação de preços de compra da matéria-prima
e da venda dos produtos, operando com a venda casada, tudo de modo uniformizado
entre os componentes do cartel".
Mas, no ano passado, quando ingressamos
com uma representação no Ministério Público, o Ministério Público entendeu que
não havia o cartel em Porto Alegre dos donos de postos de combustíveis. E, mais
uma vez, eu entendo de forma diferente. Hoje, todos os postos de Porto Alegre
majoraram os seus preços em R$ 2,17. Bom, se nós, de forma sistemática, estamos
batendo nessa tecla, já fomos ao Procon, já fomos ao Ministério Público, já
fizemos reunião aqui inclusive com os sindicatos, eu, hoje, vou fazer uma
campanha diferente, eu vou pedir para todos os milhares de porto-alegrenses que
vão deixar Porto Alegre no feriadão, que vão para a serra, para o litoral ou
para outros lugares, que não abasteçam em Porto Alegre. Vão abastecer em
qualquer lugar fora de Porto Alegre, e eu vou dizer por que: em Alvorada o
litro é R$ 2,05; em Canoas é R$ 1,99; em Cachoeirinha, R$ 2,05; em Guaíba, R$
2,06; em Gravataí, R$ 2,07. Então, basta andar dez quilômetros e sairemos da
Região de Porto Alegre e vamos economizar. Isso, talvez, seja uma forma para
que os donos de postos de combustíveis sintam-se diferenciados, porque vão
estar com todo o seu manancial cheio.
Portanto, vou fazer essa campanha e vou
pedir aos Vereadores que sejam solidários: não abasteçam em Porto Alegre! Se
tiverem que colocar combustível para viajar, façam nos Municípios fora de Porto
Alegre, porque hoje há uma diferença de, no mínimo, 12 centavos. Esse é o apelo
que faço, porque é uma questão que nós vivemos, a cada dia, abusiva.
Nós entramos com uma representação no
Ministério Público e não tivemos o acolhimento. Colocamos, hoje, qual é a visão
de cartel. E eu volto a dizer: todos os postos subiram para R$ 2,17, ou melhor,
todos não, há um posto na Av. José de Alencar que continua cobrando R$ 2,06. E
o que é que me disseram: “Ah, é um posto sem bandeira”. E eu pergunto: se é um
posto sem bandeira e a gasolina é boa, então vamos botar nesse posto sem
bandeira! Agora, se a gasolina é adulterada, que prendam! Nós não conseguimos
conceber isso. Por que um posto consegue cobrar R$ 2,05 ou R$ 2,06 e resolvem
todos os outros cobrar R$ 2,17? Então, mais uma vez, eu venho aqui, de forma
veemente, dizer do meu protesto, do meu desagravo. Isso aqui eu entendo que é
caso de Polícia! Enquanto um ou alguns donos de postos de combustíveis não
forem presos em Porto Alegre, nós não vamos parar com esses preços. Muito
obrigado, Srª Presidenta.
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Raul Carrion
está com a palavra para um Comunicação de Líder.
O
SR. RAUL CARRION: Exma Verª Margarete Moraes,
Presidenta desta Casa; demais Vereadoras e Vereadores, todos os que nos
assistem hoje aqui e nas suas casas, em primeiro lugar, nós queremos aproveitar
o tempo de Liderança do PCdoB para dizer que estamos plenamente de acordo com a
decisão tomada pelo conjunto dos Vereadores, depois de uma exaustiva discussão
da problemática do Previmpa, no sentido de só iniciarmos a discussão para a
votação deste importante Projeto na próxima semana.
Quero dizer da nossa homenagem pelo Dia
Mundial da Saúde no dia de hoje e que, ao mesmo tempo, é o Dia do Jornalista.
São datas que são marcadas no sentido de se destacar essa atividade do
jornalista e esse problema tão importante, estratégico até, para a humanidade,
que são as reservas de água potável.
Queria, também, dar conhecimento aos
Vereadores que por ventura ainda não assinaram da Moção que apresentamos no dia
de hoje à população de Porto Alegre. Encaminhamos a esta Casa uma Moção de
Solidariedade ao Governo brasileiro por sua atitude altiva e soberana frente às
pressões norte-americanas, no sentido de que o nosso País aceite inspeções
similares às realizadas no Iraque antes da sua invasão, as quais, agora, estão
sendo exigidas - na verdade, impostas - ao Irã e à Coréia do Norte, países
esses acusados de serem Estados terroristas, como se o Brasil mantivesse algum
tipo de atividade secreta e não declarada na área nuclear, como se não fosse
público o seu compromisso com o uso pacífico da energia nuclear - a própria
Constituição brasileira veda a produção de artefatos nucleares.
Poderíamos dizer, Ver. Helena Bonumá, que é a mesma situação
daquele cidadão que está na rua com um canivete na mão para descascar uma
laranja e chega um meliante com uma metralhadora, uma bazuca, um escudo, um
revólver, três pistolas e diz assim: “Tu estás armado! Não podes ter um
canivete!” E o cidadão diz: “Não, mas eu só tenho esse canivete para cortar
laranja!” E ele responde: “Não, tu és um perigo para a sociedade!” É esse o
quadro que nós temos: a potência mundial que invadiu o Afeganistão, que invadiu
a Iugoslávia, que invadiu o Iraque, que está ameaçando de invadir a Coréia, que
está ameaçando de invadir o Irã, que ameaça a Líbia, que ameaça Cuba, que tem
milhares de ogivas nucleares, que tem milhares de foguetes, que não admite uma
única inspeção nos seus arsenais, quer exigir do Brasil, o qual recém está entrando
entre as sete potências com tecnologia para enriquecer urânio para uso em
usinas, que é o enriquecimento para 3%, quando uma bomba nuclear precisa 90%...
Então, é uma tentativa de submeter o povo brasileiro, de submeter a nossa
Pátria aos ditames do império do Norte. Por isso, eu tenho certeza de que esta
Casa aprovará, nos próximos dias, por unanimidade - já temos mais de vinte
assinaturas -, esta Moção, que é um grito de liberdade e de soberania.
Para concluir, eu queria solicitar aos
demais Vereadores que tivéssemos quórum para entrar na Ordem do Dia e votar um
Requerimento que fizemos para que este Vereador possa viajar à Brasília a fim
de tomar posse no Conselho Nacional das Cidades - eleito que foi na Conferência
- e participar da 1ª Reunião Nacional do Conselho das Cidades. Em função do
feriadão, seria praticamente indispensável que essa votação se desse nesta
tarde, para viabilizar a compra da passagem e realização dessa viagem. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Reginaldo Pujol
está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. REGINALDO PUJOL: Srª Presidente, Sras e Srs.
Vereadores, eu estou desde ontem dizendo claramente que nós temos de construir
uma solução para esse problema do Previmpa. Nós estamos discutindo, Ver. João
Dib, em cima de hipóteses. Aqui nesta Casa, há inúmeros Vereadores, entre os
quais V. Exª, Ver. João Antonio Dib, que têm a expectativa de que a PEC
Paralela seja aprovada com brevidade. Outros são extremamente pessimistas,
entendem que essa PEC nunca vai ser aprovada, que ela teve a finalidade de dar
uma saída e uma justificativa para que vários Parlamentares, tanto na Câmara
dos Deputados como no Senado Federal, especialmente neste, votasse a Emenda
Constitucional nº 41, que não nos dá, enquanto viger, alternativas com relação
à fixação da alíquota, não só no Município de Porto Alegre como em qualquer
Município deste País. Todos leram, todos estão informados do que diz a Emenda
Constitucional nº 41, que passa, por conseqüência, a integrar a Constituição
Federal, estabelecendo que nós podemos dispor sobre uma alíquota desde que ela,
no mínimo, seja de 11%.
Então, nós estamos diante desta
realidade. Não adianta querermos enganar a nós próprios. Nós vamos, na eminência
de termos que decidir sobre esta matéria, buscar construir alguma saída, que
pode ser, inclusive, Ver. João Dib, igual, semelhante ou aproximada daquela que
V. Exª me mostrou no dia de hoje, que é arrumar uma compensação financeira para
os municipários, que, a perdurar o que está escrito na Constituição Federal, no
dia de hoje, terão de pagar 11% dos seus salários para a constituição do fundo
de reserva do seu Previmpa, desta autarquia criada nesta Cidade, contra a minha
opinião, com o meu voto desfavorável.
Eu podia até, com relação a esta matéria,
dizer que temos de criar o que embale; eu nunca acreditei nessa possibilidade
de autarquia, mas ela é uma realidade que existe no dia de hoje. Não adianta
termos as nossas convicções, os nossos propósitos, se eles não estiverem
ajustados a uma realidade: existe uma autarquia constituída com a finalidade de
assegurar a Previdência aos servidores do Município. Essa autarquia criada numa
jogada política estabeleceu uma alíquota provisória absolutamente insuficiente
para ser sustentada. Precisa ser corrigida! O Ver. Dib, o Ver. Sebastião Melo,
a Bancada do PP, inúmeros Vereadores desta Casa cobram, inclusive, cálculos
atuariais para a fixação desta tarifa, mas procuram esquecer, Ver. Luiz Braz,
que existe uma disposição equivocadamente colocada na Constituição brasileira -
mas colocada! - dizendo que os Vereadores de Porto Alegre ou de qualquer
Município deste País ao dispor sobre alíquota dos órgãos previdenciários, Ver.
Wilton Araújo, terão de respeitar um mínimo de 11%.
Então, o que eu estou decidindo? Eu posso
legislar contra a Constituição? Posso? Não posso! A PEC Paralela, eu disse há
muito tempo que para mim é Conceição-ninguém-sabe-ninguém-viu. Não sei quando
vai ser votada - se é que o será! Temo pelo retardamento politicamente
organizado.
Então, nós estamos diante
desta realidade, Ver. Cassiá Carpes, que há pouco discutia conosco esse
problema, que envolve noventena, uma série de outras situações. Se alguém
quiser desonerar os servidores municipais de terem de contribuir com cerca de
5% dos seus vencimentos para um acréscimo que a imposição constitucional vai
nos determinar, comecem a trabalhar por soluções alternativas. Não pensem na
possibilidade de fazer isso com a diminuição da alíquota, porque essa, enquanto
a Constituição Federal continuar escrita da forma que está escrita, é
impossível de ser realizada.
Por isso eu quero, mais uma vez, convocar
a Casa: vamos botar as nossas cabeças a pensar! Vamos buscar soluções
assemelhadas! O Dr. Dib e a Bancada do Partido Progressista pugnaram. Não é
essa a fórmula? Mas esse é o caminho.
Nós vamos ter de arrumar alguma
compensação para os servidores municipais ou então devolver o assunto para quem
nos mandou e dizer: “Mateus, quem pariu que o embale”.
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Havendo quórum,
passamos à
Eu consulto as Bancadas da Oposição e da Situação para saber
se há acordo em relação à votação. (Pausa.)
(Suspendem-se os trabalhos às 17h54min.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes - 17h56min):
Estão reabertos os trabalhos.
Ver. João Bosco Vaz e Ver. Carlos
Pestana, a Mesa aguarda definição sobre a ordem de votação. (Pausa.) Tendo em
vista que não há condições de acordo entre Oposição e Situação em relação à ordem
da votação, estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.
(Encerra-se a Sessão às 18h.)
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